domingo, 31 de maio de 2009

O dissidente dos Mamonas Assassinas




Ele preferiu o anonimato ao estrelato. Não vendeu milhões de discos e nunca apareceu no Faustão. Mas hoje ainda toca, nas horas vagas

Mamona-Na-Nas Quem vê o gerente de orçamentos Márcio Araújo imerso em planilhas não imagina seu passado no grupo que, após a sua saída, daria origem aos Mamonas Assassinas
Eram 6h30 em Guarulhos quando a porta do quarto se abriu e Márcio, ainda no escuro, pôde ouvir a voz de seu pai: – Aconteceu um acidente com o avião dos meninos. José Araújo havia acordado quase uma hora antes. Montador de esquadrias de alumínio, ele tinha o hábito de chegar cedo aos canteiros de obra e, em razão disso, raramente se demorava na cama. Era o oposto do filho, jovem notívago, para quem 6h30 era cedo demais para acordar em um domingo, cedo demais para encarar o dia, cedo demais para traduzir, de supetão, aquelas palavras. – Meninos? Que meninos, pai? – o rapaz perguntou, esforçando-se para se desvencilhar do travesseiro. – Os meninos, Márcio. Os meninos da banda. O sono desapareceu imediatamente. Márcio correu para a sala e grudou os olhos na TV. Sua mãe, Marcolina, acompanhava o noticiário. Naquele momento, eram exibidas as primeiras imagens aéreas da Serra da Cantareira. Equipes de resgate cercavam a área à procura do jatinho Learjet que, segundo a reportagem, decolara em Brasília às 22h rumo ao aeroporto de Guarulhos e teria se chocado com o solo pouco depois das 23h. Naquela manhã de 3 de março de 1996, Márcio não acreditou quando as câmeras focaram os escombros da fuselagem. Sete meses após o lançamento do único CD, que venderia 2,3 milhões de cópias, o grupo Mamonas Assassinas encerrou a vertiginosa carreira de forma trágica. Os “meninos da banda” estavam mortos.
– Caramba, eu poderia estar nesse voo – foi a reação de Márcio, então um engenheiro de 24 anos que trabalhava na filial paulistana da Líder, incorporadora com sede em Belo Horizonte. Hoje, passados 13 anos, Márcio Cardoso de Araújo é gerente de orçamentos de uma das maiores incorporadoras do país. Quem o vê, de terno e gravata, imerso em cálculos e planilhas, discutindo preços com fornecedores com o rigor de um executivo ponderado, não imagina estar diante de um tecladista que, no início dos anos 90, partilhava solos e compassos com os irreverentes integrantes dos Mamonas Assassinas – quando eles ainda formavam a banda Utopia e não tinham descoberto o fascinante mundo do besteirol.


Instalado no terceiro andar de um escritório no Morumbi, aos 37 anos, Márcio lembra o acidente na Cantareira como quem confere a fisionomia de velhos amigos em um álbum de retratos. “Fiquei mal quando eles morreram. Chorei muito naquele dia”, diz. O pessoal de Guarulhos, que conhecia as origens do grupo e havia acompanhado de perto a ascensão profissional da banda, o cumprimentava no velório com a gravidade de quem se dirige a um sobrevivente. – Puxa, Márcio, só sobrou você... – os mais próximos chegaram a comentar.

Atenção, Creuzeback Em sentido horário, os Mamonas, quando ainda se chamavam Utopia: Márcio (à dir., segurando a bateria), Samuel e Sérgio Reoli, Dinho, Bento Hinoto e Júlio Rasec
Márcio tinha 18 anos quando foi convidado pelo amigo Sérgio Reoli, que namorava uma vizinha sua, a entrar na Utopia, típica banda de garagem formada no ano anterior. Sérgio era o baterista, e seu irmão, Samuel, o baixista. Completavam o quarteto o guitarrista Alberto Hinoto, que mais tarde adotaria o nome artístico de Bento, e o vocalista Dinho Alves, que havia entrado para o grupo semanas antes, após dar uma canja em um show no Parque Cecap (conjunto habitacional de Guarulhos). Sérgio sabia que Márcio tocava teclado e se entusiasmou com a possibilidade de transformar o grupo em um quinteto. Logo depois, Júlio Rasec, fiel escudeiro de Dinho, seria incorporado para fazer vocais em inglês, auxiliar o titular do microfone na pronúncia americana, quebrar um galho como percussionista e colocar em prática sua experiência como técnico em eletrônica para consertar fios e cabos quando necessário. Os seis amigos se reuniam nos fins de semana na casa de Sérgio e Samuel. Quando não havia ensaio, se encontravam do mesmo jeito, para jogar fliperama, comer pizza ou varar a noite em torneios de videogame. “O Samuel era viciado. Ele e o irmão chegaram a montar uma locadora na sala da casa deles”, diz Márcio. “Nossa convivência era muito intensa.” O repertório mesclava Ira! com Legião Urbana, Rush com Red Hot Chili Peppers, e tragava o que havia de pior e de melhor no rock dos anos 80, com Titãs, Paralamas, Barão, Ultraje, entre outros. Em 1991, o grupo já se apresentava em diversos endereços de Guarulhos e de São Paulo e seus integrantes suavam a camisa para acomodar a bateria no Fusca de Sérgio. “Eles animavam as festas juninas e viraram atração permanente no clube do Parque Cecap”, diz Audrey Pacaterra, gerente administrativa da Secretaria de Cultura de Guarulhos e moradora do bairro até hoje. Fã de primeira hora e amiga do sexteto, ela editou o primeiro fanzine dedicado à Utopia. “Eu os ajudava a customizar as roupas, rasgar e bordar as calças daquele jeito que aparece no disco”, afirma, referindo-se ao único vinil gravado pela banda, de 1992.
Impulsionada pelas repetidas aparições em um programa de TV apresentado pelo pai de Mirella Zacanini, a namorada de Dinho na ocasião, a Utopia passou a receber convites para se apresentar em outras cidades. “Com o empurrão do Savério Zacanini, tocamos em alguns palcos do interior e também em outros estados”, diz Márcio. Foi o início de seu afastamento. O engenheiro, que na época ainda cursava engenharia civil na Universidade de Guarulhos, conta que a rotina de ensaios e viagens tornou-se um obstáculo para seus estudos e projetos profissionais. Assistente técnico em uma empresa que editava publicações voltadas ao mercado imobiliário, Márcio tinha seu curso pago integralmente pelo escritório e começava a se assustar com a ideia de “levar bomba”. “A gente tocava à noite em bares de São Paulo, como o Victoria Pub, da Alameda Lorena, e, para isso, eu faltava ao trabalho à tarde e também na manhã seguinte”, diz ele. “Na hora em que o facão aparecesse, as primeiras cabeças a rolar seriam as dos funcionários menos comprometidos. Todos os outros músicos do grupo ficaram desempregados. Eu não poderia correr esse risco, porque bancava muita coisa em casa.” Entre a vida louca dos bares e a prontidão que a engenharia exigia, Márcio escolheu a segunda opção. Passou a faltar nos ensaios de sábado quando havia aulas na faculdade e nas viagens em dias úteis. Pelo mesmo motivo, não chegou a gravar nenhuma das faixas do disco da Utopia, embora apareça na fotografia da capa. “Eles foram ao estúdio num sábado em que tive prova. O pior é que levei bomba do mesmo jeito”, diz ele, bem-humorado. Márcio tocava por hobby, e não para fazer da música sua profissão – o que se tornou o sonho de seus parceiros a partir de 1992. “Um dia, eles me chamaram para conversar. Eu não tinha condição de fazer tanto ensaio, e eles precisavam de um tecladista que pudesse se dedicar integralmente à banda”, afirma. O jeito foi deixar a vaga para Júlio, amigo de Dinho que tocava triângulo e pandeiro em algumas faixas. “Ele aprendeu um pouco de teclado e me substituiu.”
O preço da desistência seria cobrado em 1995, quando a banda estourou. As rádios não paravam de executar “Pelados em Santos” e “Vira-vira”. Faustão e Gugu disputavam a presença do grupo em seus programas como duas máfias adversárias. Márcio via os Mamonas na TV e não conseguia evitar uma pitada de arrependimento. “Em pouco tempo, os caras começaram a circular de carro importado por Guarulhos e eu continuava a pé.” Os colegas da faculdade, que anos antes frequentavam os shows da Utopia, não perdoaram. “Você se deu mal”, diziam. “Os caras estão na melhor, e você deixou a chance escapar.” Márcio havia entrado na Líder pouco tempo antes e, ao vislumbrar o sucesso do grupo, não resistiu ao orgulho de contar aos amigos sobre o tempo em que havia feito parte dele. “Seu apelido passou a ser Mamoninha”, lembra Fábio Franco, dono da incorporadora Bild, que em 1995 era chefe de Márcio na Líder. “Nós tiramos tanto sarro dizendo que ele poderia estar milionário àquela altura que perdemos a fala meses depois, quando o azarado virou o maior sortudo do planeta.” O inferno virou céu. No curto intervalo entre o lançamento do disco e a queda do avião, Márcio viu apenas uma vez um integrante do grupo, num dia em que foi visitar os irmãos Reoli e encontrou apenas Samuel em casa, rendido por uma gripe. Só foi revê-los no velório. Quando morreram, Júlio tinha 28 anos, Sérgio, 26, Bento, 25, Dinho, 24, e Samuel, 22. Recentemente, Márcio foi procurado pelo cinegrafista Cláudio Kahns para gravar um depoimento para o documentário Mamonas Doc, que deve estrear em junho. Raríssimas são as pessoas que, ao lembrar a trajetória dos Mamonas Assassinas, mencionam o sexto integrante da Utopia – ainda que Marcio tenha passado mais tempo com a banda do que ela durou sem ele. Casado com a professora Gisele, Márcio é pai de João Pedro, de 6 anos, e Luísa Maria, de 2. Mora em um sobrado de classe média em Guarulhos, a 30 metros da casa de Seu Ito e Dona Nena, pais de Sérgio e Samuel – a mesma casa onde, há quase 20 anos, ensaiava e jogava videogame com os amigos. Por paixão à música, Márcio jamais aposentou o teclado. Desde que saiu da Utopia, acompanhou uma cantora de música sertaneja, teve outras bandas de pop-rock, tocou em bares e em praças de alimentação de shoppings, fez festas e bailes de formatura e, há mais de um ano, toca rock dos anos 60 e 70 em uma banda chamada Friends. Em julho, aliás, seus integrantes receberão convidados especiais para um show em tributo aos Mamonas Assassinas a ser realizado em Jundiaí. O quase Mamona vai estar lá.



“ O NOSSO WORK É PLAYAR ” Toda a carreira dos Mamonas Assassinas durou só oito meses: do lançamento do único cd, em julho de 1995, ao acidente com o Learjet, em março de 1996. Parece pouco tempo. E foi. Quem acompanhou a trajetória da banda é capaz de jurar que ela existiu por mais de dois anos. Foi tanta escatologia, tantas gargalhadas provocadas por cinco rapazes vestidos de Chapolin e tantos hits executados nas rádios, que o tempo parece ter esticado para acomodar tamanha alegria. O documentário Mamonas Doc, dirigido por Cláudio Kahns, ajuda a entender o segredo: eles não paravam um segundo e provocavam-se como se estivessem no centro de uma guerra de mamonas. Com pré-estreia agendada para 6 de junho no Ginásio Thomeuzão, em Guarulhos, o filme, de uma hora e meia, é quase todo costurado a partir de imagens captadas pelos próprios músicos nos bastidores de shows, turnês e gravações. Ali, as cenas funcionam não só como tributo e registro biográfico da banda, mas principalmente como um passaporte despretensioso que nos permite invadir sua privacidade e revisitar um maravilhoso momento em que a música popular brasileira nos ensinou a rir com irreverência e sagacidade.
Bjss
Luna e Marina

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Balão Mamona!!!





Fãs do Rio de Janeiro fazem um balão em homenagem aos Mamonas Assassinas.
Lembrando que a solta de balões é ilegal, porém não tínhamos como deixar de mostrar o trabalho tão incrível que os fãs do Rio de Janeiro fizeram.

Marina e Luna

domingo, 17 de maio de 2009

Historia

Há aproximadamente 12 anos atrás, um grupo musical que trazia bastante alegria, diversão e muito humor aos seus fãs despontava no cenário nacional fazendo um grande sucesso em todo o Brasil. Estou falando dos Mamonas Assassinas!!!!!
Apesar a carreira musical do grupo só haver durado 6 meses, esse tempo foi suficiente para que o conjunto conquistasse milhares e milhares de fãs, por onde quer que passasse. Antes de alcançar todo esse sucesso, a banda era formada somente por 4 integrante e se chamava Utopia. Então, com o passar do tempo, o grupo ganhou mais um membro, o vocalista Dinho, e então o eles começaram a fazer shows pelas periferias de São Paulo.
Logo depois de gravar o seu primeiro disco, a banda iniciou uma turnê, chegando a se apresentar no programa do Jô. Pronto, então começou a meteórica jornada dos Mamonas Assassinas rumo ao sucesso, mas infelizmente no ano de 1996, um trágico acidente interrompeu a carreira do grupo, porem isso não impediu que as suas musicas e canções ficassem gravadas na memória dos seus fãs.


Triste, ne?

Bjs Marina e Luna


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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Mamonas Assassinas "De muvi"

Mamonas assassinas, O Filme, deverá estar nas telas de cinema no mês de abril. Esse ano fazem 13 anos da morte dos integrantes do grupo: Dinho, Bento, Júlio, Samuel e Sérgio. O Filme dos Mamonas Assassinas, não vai seguir fielmente o tempo dos fatos, irá mostrar os arquivos de família e amigos, como também vão mostrar vídeos que eles mesmo fizeram deles . Não vão focar sobre o acidente em si, mas mostrará a trajetória do grupo, eles não faziam só brincadeiras, mas revela a qualidade musical que possuiam.



Mamonas Assasinas, o Filme terá o apoio da Tv Record e Globo Filmes, inclusive os atores que irão atuar no filme são desconhecidos, os atores conhecidos farão pequenos papeis. Além do documentário, haverá uma parte de ficção abordando o surgimento da banda no auge. Em termos de custo esta orçado em 5 milhões.



Bjs Luna e Marina


terça-feira, 5 de maio de 2009

Dedicatoria do Dinho

Essa foi um mini texto que o Dinho fez antes de falecer:
Daqui a cinco anos?
So espero estar vivo.Eu nao sou nada.
Sou apenas um musico que, gracas a Deus,
esta fazendo oque gosta.

Bjs

Luna e Marina





domingo, 3 de maio de 2009

Nome: Alecsander Alves
No grupo: Vocalista
Data de Nascimento: 05/03/71
Parada do momento: a volta da música nacional
Cor: vermelha
Time: Corinthians e Flamengo
Tipo de música: a boa música
Cantor: Freddie Mercury
Cantora: Maria Karie
Animal: Edmundo
Esporte: futebol
Filme: Debi & Lóide ou qualquer filme do Jim Carrey
Point: kart
Sou louco por: música
Detesto: inveja
Comida: Filet à Cubana
Qualidade: beleza e inteligência
Defeito: modesto
Sonho: viver da música, ter uma banda e fazer sucesso
Para matar o tempo: não tenho tempo para matar
Não saio de casa sem: destino
Atleta: Senna
Aí, galera!: um abraço com muito Sazon, digo que da escola que eles foram expulsos eu como até o caroço!!!

Nome: Júlio César Barbosa
No grupo: Tecladista
Data de Nascimento: 04/01/68
Parada do momento: You Gotta Be - Des'ree
Cor: cor sim, cor não
Time: qualquer time feminino de vôlei ou a Lusa
Tipo de música: qualquer tipo
Cantor: Seal
Cantora: Angela Maria
Animal: cavalo
Esporte: truco
Filme: Kodak, mas fuji também é bom!
Point: é um ponto em inglês
Sou louco por: Ti América...
Detesto: dirigir
Comida: com sal e pouca gordura
Qualidade: uma coisa que as pessoas tem de bom
Defeito: é obvio que é o que as pessoas tem de ruim
Sonho: é um pãozinho de creme dentro
Para matar o tempo: nada como uma AR-15
Não saio de casa sem: cueca e óculos, porque sou míope
Desenho: Ligeirinho
Atleta: Julia Roberts
Aí, galera!: um abraço e um beijo nos cachorros!!!


Nome: Alberto Hinoto
No grupo: Guitarrista
Data de Nascimento: 07/08/70
Parada do momento: Beatles
Cor: azul
Time: Palmeiras
Tipo de música: rock
Cantor: Dinho
Cantora: Madona
Animal: Dinho
Esporte: IÔ-IÔ
Filme: Debi & Lóide
Point: Studio Bonadio (de gravação)
Sou louco por: guitarras
Detesto: maria-mole e pepino
Comida: massas
Qualidade: modéstia
Defeito: ser bonito
Sonho: ser um astro de rock
Para matar o tempo: dormir
Não saio de casa sem: me despedir da família
Atleta: Sharon Stone
Aí, galera!: um beijo na "ass" e um abraço apertado pelas costas.


Nome: Samuel Reis de Oliveira
No grupo: Contra-Baixista
Data de Nascimento: 11/03/73
Parada do momento: música nacional
Cor: azul, vermelho com bolinhas amarelas
Time: São Paulo
Tipo de música: todo tipo
Cantor: Djavan
Cantora: Marisa Monte
Animal: cachorro
Esporte: futebol
Filme: Debi & Lóide
Point: minha casa
Sou louco por: mulher
Detesto: falsidade
Comida: feijoada
Qualidade: não sei se tenho
Defeito: também não sei se tenho
Sonho: os da padaria com recheio, mó legal!
Para matar o tempo: não mato nem mosca
Não saio de casa sem: roupa
Atleta: Fátima Bernardes
Aí, galera!: um abraço do Samuel Reoli para nossas fãs e obrigado pelo nosso sucesso.




Nome: Sérgio Reis de Oliveira
No grupo: Baterista
Data de Nascimento: 30/09/69
Parada do momento: sei lá!
Cor: azul
Time: São Paulo
Tipo de música: vários
Cantor: Djavan
Cantora: Whitney Houston
Animal: gato
Esporte: vôlei e futebol
Filme: Debi & Lóide
Point: minha casa
Sou louco por: carro
Detesto: política
Comida: nhoque
Qualidade: sincero
Defeito: sou extrovertido
Sonho: continuar vivendo da música


Gostaram???Bjs
Luna e Marina


O estouro

Em junho de 1995, “Vira-Vira”, uma paródia sobre as composições de Roberto Leal, na qual o vocalista encarna um português de anedota, chegou às rádios de São Paulo. A história de Manuel, que, convidado para uma suruba e impedido de comparecer, resolve mandar a mulher em seu lugar, não deixa ninguém indiferente. A letra: “Fui convidado para essa tal de suruba/Não pude ir, Maria foi em meu lugar/depois de uma semana ela voltou para a casa toda arregaçada não podia nem sentar...”, caiu no gosto do público que começou a pedir mais.
Após o estouro de “Vira-Vira”, as outras seguiram o vácuo: “Chopis Centis”, “Sabão Crá-Crá”, “Mundo Animal”, “Pelados em Santos”, “Robocop Gay”.
Os shows, à mesma medida foram ganhando audiência, e valor. No começo, cobravam R$ 8 mil por apresentação e no final de fevereiro a cifra já chegava aos R$ 70 mil. Fizeram-nos em um número redondo nessa caminhada, 200, sendo 163 apresentações somente no estado de São Paulo. Levaram a alegria ao Brasil inteiro, ou quase (não tocaram apenas nos estados do Acre e do Tocantins), mas mesmo assim também lá deixaram sua marca.
E após uma dessas apresentações, no conto de fadas que parecia a história do conjunto, o vilão mata o mocinho e traz um triste final. O avião chocou-se contra a Serra da Cantareira, em São Paulo, pertinho da casa deles, em Guarulhos, e interrompe o grande fenômeno da atual música brasileira. Um dia antes da viagem a Portugal, onde iriam, certamente, abrir as portas para esse novo rock bem-humorado brasileiro. E pouco antes das férias que eles programavam antes de gravarem o segundo disco. Mas restam a música e a fórmula que Dinho encontrou para explicar o sucesso dos Mamonas. “Faze­mos só o que nos diverte”, resumiu o vocalista em uma de suas últimas entrevistas.


bjss

Luna e Marina

A virada

O sinal estava dado. Os integrantes que não podiam se dar ao luxo de um “pai”trocínio viram ali a oportunidade e resolveram arriscar.
Por essa época, ainda trabalhavam em outras atividades para poderem bancar o investimento na música. O baixista Samuel trabalhava na videolocadora que abrira na garagem de casa, após ser auxiliar de cobrança em uma metalúrgica e ter passado quatro anos como office-boy. Seu irmão, o baterista Sérgio, trabalhava na mesma locadora. O tecladista Júlio Rasec era técnico em eletrônica em uma fábrica de motores. Bento Hinoto, o guitarrista, era dono de uma empresa que fabricava e instalava divisórias. E o único sem emprego fixo era o vocalista Dinho, que tirava uma graninha organizando shows para a campanha política do vereador Geraldo Celestino, em Guarulhos.
O Utopia até chegou a gravar um disco que, mais tarde, os próprios músicos consideraram muito ruim. Mas o fato do LP não ter emplacado até foi benéfico. Dali para frente, estava decidido que o conjunto tomaria um rumo oposto àquele.
Fizeram um demotape (fita de demonstração) contendo as músicas de sucesso dos shows e mandaram para algumas gravadoras. Nenhuma se pro­pôs a ouvir. Aliás, nem mesmo a EMI­Odeon, que mais tarde gravaria o disco. Mas, por sorte, a fita chegou às mãos de Rafael, filho do diretor artístico da gravadora, João Augusto, que se apaixonou pelo grupo.
João Augusto, depois de ver a febre que os Mamonas tinham se tomado entre os amigos de seu filho, resolveu reconsiderar a decisão. Chamou Dinho para uma conversa e perguntou se além das duas músicas da fita -“Pelados em Santos” e “Robocop Gay”- eles teriam mais material.
Dinho esqueceu os princípios religiosos de sua mãe, uma evangélica fervorosa, e jurou de pés juntos que aquilo era só uma amostra. “No repertório, desse tipo, a gente tem mais umas vinte”, afirmou, com a maior cara de pau o vocalista. De lá, tratou de sair correndo, comunicar o convite para gravarem um disco aos outros integrantes e tratar de se encarcerar todo mundo em um estúdio e compor o resto daquelas vinte músicas.

Bjss

Luna e Marina

O melhor grupo de rock dos ultimos tempos

Contando, ou melhor, cantando, piadas, os Mamonas Assassinas transformaram-se no maior fenômeno pop da música brasileira em todos os tempos. Em apenas oito meses, venderam dois milhões de cópias do disco de estréia e bateram o recorde nacional do rock, o disco Rádio Pi­rata ao vivo, do RPM. Com isso, o Brasil ficou pequeno para eles. E quando estavam próximos de serem recebidos pela porta da frente em Portugal, a tragédia alcançou o conjunto.
Na trajetória, interrompida com o acidente do dia 3 de março, no qual os cinco integrantes faleceram, os Mamonas mostraram uma nova face do público brasileiro, principalmente infantil: o gosto pelas letras bem humoradas, beirando a obscenidade. Aliás, fórmula que já havia sido testada, se bem que com eficiência menor, por grupos como Ultraje a Rigor e Língua de Trapo.
Os Mamonas até que tentaram ser sérios. Começaram como Utopia, grupo formado em 1989 pelos irmãos Sérgio e Samuel Reis de Oliveira, onde tentavam compor um rock mais cabeça, se assim podemos dizer. As letras fugiam totalmente ao escracho. “...Me coloco frente a frente com um espelho/E novamente me apanho fingindo/ Para mim mesmo mentindo/De mim mesmo fugindo...”, da música “Horizonte Perdido” é um exemplo disso.
Além de composições próprias, o grupo incluía nos shows covers de outras bandas, como Legião Urbana, Engenheiros do Hawaii e Red Hot Chilli Peppers. E quando precisavam, tascavam uma música sertaneja e até mesmo um pagode (“Lá Vem o Ale­mão” lembra alguma coisa?).
As apresentações, em sets de 45 minutos, mais ou menos, eram ideais para que, durante os intervalos, eles aproveitassem para entreter o público com algumas brincadeiras e músicas escrachadas, aproveitando o talento do vocalista Dinho para assumir o posto de comediante.
O estranho é que a platéia parecia preferir a brincadeira. “Nós tocávamos covers e músicas próprias. O pessoal aplaudia, tal, mas quando a gente começava a digamos assim brincadeira, era um sucesso total. A gente achou estranho, mas resolveu continuar. Depois que a gente tocava “Pelados em Santos”, que eu já tinha composto nessa época, a platéia estava ganha. A gente podia tocar o que fosse que todo mundo passava a gostar. Eu lembro de uma vez que depois de tocar “Pelados em Santos”, a gente tocou “Sad But True”, do Metalica, que é uma música pesada e eu fiquei pasmo. Na platéia, até um casal de velhinhos começou a acompanhar a música com palmas”, explicou o vocalista Dinho.


Bjss

Luna e Marina

Mamonas na midia

Os Mamonas Assassinas tinham muitas coisas para fazer em termos de televisão, rádio e muitos shows .
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Eles eram contratados quase que todo dia para shows e mais shows. Os contratos de quando eles eram utopia eram de graça, mas o sucesso veio rápido muito rápido. Assim que eles viraram mamonas assassinas eles cobravam para cada show R$ 30.000 trinta mil reais por show. Um tempo depois eles cobravam R$ 50.000 cinquenta mil reais.
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Ai o sucesso começou foram vendidos mais de dois milhões de copias do disco aí eles começaram a cobrar R$70.000 setenta mil reais por show. Os mamonas chegavam a fazer sete shows por semana ou três shows por dia quase nenhuma folga. Isto era mamonas assassinas.


Bjss

Luna e Marina